terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Soft Power?

Compreender as complexidades da política internacional contemporânea é, antes de mais, procurar apreender a panóplia de princípios ideológicos e o sistema de valores, sobre os quais os Estados são criados, se regem e desenvolvem as suas diplomacias.
Estudar estas dinâmicas, é a arte de observar o mundo sobre um prisma próprio, com o intuito de arriscar descortinar as suas controversas interacções, considerando sempre as mais diversas premissas, perspectivas e realidades.
Desse modo, após a absorção das tais ideologias, é ter a capacidade de compreender o palco internacional, sem recurso a utopias e a teorias conspirativas que ajudam somente a intoxicar através da estética, descartando o essencial. Perceber as práticas, as relações e as diplomacias, é fundamental para a escolha mais acertada das políticas internacionais a adoptar que se desejam assertivas e convincentes.
A incontornável globalização, fomentada pelo comércio e pelas tecnologias, permite encolher o mundo, o que possibilita uma facilitada comunicação entre todos os povos, crenças e costumes. Entender estas variantes, possibilita o evidente objectivo de encontrar as melhores soluções de diálogo e relacionamento, aspirando nunca colocar em causa os valores e hábitos divergentes.
O mundo Ocidental, com maior evidência na Europa, atravessa uma profunda crise civilizacional e de valores. Esta condicionante, gerada pela recusa e negação das suas próprias bases e tradições, cria notórias incapacidades de promover uma politica internacional consistente, credível e catalisadora. Situação que gera tremendas apatias na hipotética tentativa de exteriorização de altos, respeitáveis e exemplares padrões.
A fascinante ebulição no mundo actual, capta a atenção para outras problemáticas, como a afirmação de novos protagonistas económicos, a crise e as suas respostas, os confrontos culturais, religiosos e seculares, o dilema da reacção ao terrorismo e as indispensáveis questões ambientais, dos recursos naturais e da sobrevivência do planeta, todas elas reguladas pelas ligações entre Estados e das suas habilidades diplomáticas. 
Perante este actual cenário internacional de enormes dificuldades, mas de estimulantes desafios, fará ainda sentido realçar o “soft power”, uma vez que existem mais e diferentes pólos de influência? Será que sem o efectivo poderio militar todos os esforços de evangelização são reduzidos a uma utopia de intenções e não de soluções? Será que o 11 de Setembro, o antiamericanismo e o anti-ocidentalismo, evidenciaram que o “soft power” não oferece qualquer solução? Ou pelo contrario, as reacções militares, demonstraram que sem a ajuda do poder suave, não será possível erradicar o terrorismo?


FM (9:30)